Igreja Católica Ortodoxa Hispânica

 

Sua Santidade
São Tikhon de Moscovo +

(Vasili Ivanovich Bellavin)


S.S. São Tikhon de Moscovo, nasceu em 19 de Janeiro de 1865 em Toropets, Província de Pskov, Rússia, sendo filho do Revº Pe. Yoann Belavin, sacerdote rural de Klin, no distrito de Toropets, então no Governorado de Pskov, mas actualmente no oblast de Tver.
Quando Vasily ainda era um menino, seu pai teve uma revelação sobre cada um de seus filhos. Uma noite, quando ele e seus três filhos dormiam no palheiro, de repente acordou e os despertou. Ele tinha visto sua mãe morta em um sonho, que previu a ele sua morte iminente e o destino de seus três filhos. Ela disse que um seria infeliz durante toda a sua vida, outro morreria jovem, enquanto o terceiro, Vasily, seria um grande homem. A profecia da mulher morta provou ser totalmente precisa em relação a todos os três irmãos.
Estudou no Seminário de Pskov e na Academia Eclesiástica de São Petersburg. O modesto seminarista era terno e afectuoso por natureza. Ele era louro e alto de estatura. Os seus colegas gostavam dele e respeitavam-no por sua piedade, brilhante progresso nos estudos e constante prontidão para ajudar os colegas, que frequentemente recorriam a ele para explicações de licções, especialmente para ajudar na elaboração e correção de inúmeras composições. Nesse tempo, ele era chamado de "bispo" e "patriarca" por seus colegas de classe.
Em 1888, aos 23 anos de idade, formou-se na Academia Teológica de São Petersburgo como leigo e retornou ao Seminário de Pskov como professor de Teologia Moral e Dogmática. Todo o seminário e a cidade de Pskov gostavam muito dele, pois levava uma vida austera e casta.
Em 27 de Dezembro de 1891, aos 26 anos de idade, faz os seus votos monásticos e é consagrado Monge, recebendo o nome religioso de Tikhon, em homenagem a São Tikhon de Zadonsk. Quase toda a cidade se reuniu para a cerimónia. Ele embarcou neste novo modo de vida consciente e deliberadamente, desejando dedicar-se inteiramente ao serviço da Igreja.
O novo monge Tikhon recebeu a Sagrada Ordenação Diaconal (hierodiácono), no dia seguinte, e a Sagrada Ordenação Presbiteral (hieromonge) em 03 de Janeiro de 1892.

Em 1892, foi transferido do Seminário de Pskov para o Seminário Teológico de Kholm, sendo elevado a Arquimandrita.

Em 19 de Outubro de 1897 (1898) recebe a Sagrada Ordenação Episcopal, como Bispo de Lublin, Polónia. Em 1898, é Bispo dos Aleútes e do Alasca, nos Estados Unidos da América, transformada em Diocese dos Aleútes e da América do Norte em 1900 e elevada a Arquidiocese em 1905, sendo movido para Nova Iorque, com bispos vigários no Alasca e no Brooklyn, engendrando o que hoje é a Igreja Ortodoxa Americana. Assim, foi nomeado Metropolita da América em 1898, em 1905 elevado a Arcebispo.

Em Nova Iorque, participou no movimento pan-eslavista e tomou parte em diálogos ecuménicos, além de melhorar as relações entre diferentes populações ortodoxas, dando especial atenção aos fiéis de origem antioquina, que se organizariam sob o Omoforium de Sua Exª Rev.ma Mgr. Raphael Hawaweeny, Bispo do Brooklyn, até o caos eclesial da Revolução Russa os mover a retornar ao Patriarcado de Antioquia.

Sua Exª Rev.ma Mgr. Innocent Pustynsky, Bispo do Alasca na América do Norte, SS. Tikhon de Moscovo, e Sua Exª Rev.ma Mgr. Raphael Hawaweeny, Bispo do Brooklyn

Em 08 de Novembro de 1900, esteve presente na Sagrada Ordenação Episcopal de Sua Exª Rev.ma Mgr. Reginald Heber Weller, Jr., como Bispo Coadjutor de Fond Du Lac, na Catedral de São Paulo Apóstolo, em Fond du Lac, Wisconsin, USA, recebida das mãos de Sua Exª Rev.ma Mgr. Charles Chapman Grafton, Bispo de Fond Du Lac, sendo Co-Consagrantes: Sua Exª Rev.ma Mgr. William Edward  McLaren, Bispo de Chicago; Sua Exª Rev.ma Mgr. Alexander Burgess, Bispo de Quincy; e Sua Exª Rev.ma Mgr. George Franklin Seymour, Bispo de Springfield. Também estiveram presentes Sua Exª Rev.ma Mgr. Edward Randolph Welles, 03º Bispo de Milwaukee, da Igreja Episcopal, e Sua Exª Rev.ma Mgr. Anthony Kozlowski, da Igreja Católica Nacional Polaca, para além de outros clérigos.

A partir do fim de seu pontificado nos Estados Unidos, muitos católicos romanos de rito bizantino se juntaram à Igreja Ortodoxa Russa, principalmente por conta das restrições impostas pelo Bispo de Roma, S.S. São Pio X em sua carta apostólica Ea Semper e do governo autoritário de Sua Exª Rev.ma Mgr. John Ireland, Arcebispo Católico Romano de Saint Paul, Minnesota, USA, totalizando 163 paróquias e 100 mil fiéis uniatas convertidos até 1916. 
Em 1907 foi nomeado para a Diocese de Yaroslavl, Rússia, regressando assim à sua terra natal. Em 1914 foi nomeado Arcebispo de Vilnius, Lituânia, após problemas com as autoridades locais de sua diocese anterior. No início de 1917 o Santo Concílio da Igreja Ortodoxa Autocéfala Russa reunida em Moscovo, eleva-o à dignidade de Metropolita.

Após a queda do Czar Nicolau II, durante a Revolução de Fevereiro, liderou esforços para a Igreja ter independência em relação ao Estado russo.
Em 1917, o Santo Concílio da Igreja Ortodoxa Autocéfala Russa procedeu à eleição de um Patriarca, antes dos comunistas dissolverem o Santo Concílio. Em frente do Santo Concílio e dos três candidatos à eleição, que são: Sua Exª Rev.ma Mgr. Anthony Khrapovitsky, Arcebispo de Kharkov; Sua Emª Rev.ma Mgr. Tikhon, Metropolita, e Sua Exª Rev.ma Mgr. Anseny Stadnitsky, Arcebispo de Novgorod, Arcebispo, um Monge tira de uma urna o nome eleito por Deus. Tratava-se do nome Sua Emª Rev.ma Mgr. Thikon, Metropolita, que era assim eleito por Deus e confirmado pelo Santo Concílio da Igreja Ortodoxa Autocéfala Russa, o 11º Patriarca de Moscovo e de todas as Rússias e o primeiro do séc. XX. A notícia
foi publicamente anunciada no dia 05 de Novembro de 1917, apresentando-o  como o primeiro Patriarca de Moscovo desde os tempos do Czar Pedro I nomeado pela Igreja Ortodoxa Autocéfala Russa.

Para salvar milhares de vidas e melhorar a posição geral da Igreja, S.S. Tikhon tomou medidas para impedir que o clero fizesse declarações puramente políticas. Em 25 de Setembro de 1919, quando a guerra civil estava no auge, ele emitiu uma mensagem ao clero pedindo que ficassem longe da luta política. As suas tentativas de reforma foram sufocadas, no entanto: por um lado pela resistência interna; por outro, pelo contexto da Revolução.

O verão de 1921 trouxe uma fome severa para a região do Volga. Em Agosto, S.S. Tikhon emitiu uma mensagem ao povo russo e ao povo do mundo, chamando-os para ajudar as vítimas da fome. Ele deu a sua bênção para doacções voluntárias de objectos de valor da Igreja, que não eram usados ​​directamente em serviços litúrgicos. No entanto, em 23 de Fevereiro de 1922, o Comité Executivo Central de Toda a Rússia publicou um decreto tornando todos os objectos de valor sujeitos a confisco.
De acordo com o 73º Cánone Apostólico, tais acções eram consideradas sacrilégio, S.S. Tikhon não podia aprovar tal confisco total, especialmente porque muitos duvidavam que os objectos de valor seriam usados ​​para combater a fome. Este confisco forçado despertou indignação popular em todos os lugares. Quase dois mil julgamentos foram encenados em toda a Rússia, e mais de dez mil fiéis foram fuzilados. A mensagem do Patriarca foi vista como sabotagem, pela qual ele foi preso de Abril de 1922 e levado para a Lubyanka (designação popular para a sede do KGB e prisão filiadas na Praça Lubianca em Moscovo), sendo depois levado ao Mosteiro de Donskoy, em Moscovo, onde decidiu por permanecer mesmo após ser libertado em Junho de 1923, quando a chamada Igreja Viva, uma hierarquia formada por bispos comunistas, o declarou deposto num evento conhecido como Concílio Vermelho.

S.S. Thikon perto do Mosteiro de Donskoy, em Moscovo, em Julho de 1923

Quando os padres e hierarcas renovacionistas se arrependeram e retornaram à Igreja, eles foram recebidos com ternura e amor por S.S. Tikhon. Isso, no entanto, não representou nenhum desvio de sua política estritamente ortodoxa. “Peço que acreditem em mim que não chegarei a um acordo ou farei concessões que possam levar à perda da pureza e força da Ortodoxia”, disse o Patriarca em 1924.
Em 1924, no entanto, esteve hospitalizado cerca de três meses, ainda que retornasse constantemente ao Mosteiro para ofícios, onde presidiu à sua última Divina Liturgia em 23 de Abril de 1925.
S.S. Tikhon de Moscovo, faleceu em 25 de Março de 1925, sob suspeitas de envenenamento, mas não sem antes emitir o Mandato Apostólico, de acordo com as disposições do Santo Sínodo Russo de 1920 e com o Cánone nº 372, para a Ordenação de Bispos na América e a posterior fundação da Igreja Ortodoxa Americana (The American Orthodox Church), que foi estabelecida pelo Arcebispo, S.B. Santo Aftimios Ofiesh.
Quase um milhão de pessoas vieram despedir-se do Patriarca. A grande Catedral do Mosteiro Donskoy em Moscovo não conseguiu conter a multidão, que transbordou a propriedade do mosteiro para a praça e ruas adjacentes.

Foi canonizado em 1981 pela Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, e pela Igreja Ortodoxa Russa propriamente dita em 1989, com o jugo comunista tendo aliviado a Igreja em decorrência da perestroika.
Por quase setenta anos, os restos mortais de S.S. São Tikhon foram considerados perdidos, mas em Fevereiro de 1992, eles foram descobertos, parcialmente incorruptos, num lugar escondido no Mosteiro de Donskoy.

Restos mortais de S.S. São Tikhon sob o olhar atento de S.S. Alexis II, Patriarca de Moscovo

Foi canonizado e elevado às honras dos Altares, em todos os Templos da nossa Jurisdição Canónica, pelo Decreto Primacial A0027/GP, de 15 de Junho de 2005.



Em 1900


Reunião do Concílio na Casa Diocesana de Moscovo, Rússia, em 1917

Em 1917

Em 1918

Presidindo ao Concílio da Igreja Ortodoxa Autocéfala Russa, em 1918

Com Sua Exª Rev.ma Mgr. Pedro Polyansky, Metropolita de Krutitsy

Com Sua Exª Rev.ma Mgr. Sergio Stagarodsky, que mais tarde seria Patriarca de Moscovo

Com Sua Exª Rev.ma Mgr. Benjamim Kazansky, Metropolita de Petrogrado e Gdov


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