Igreja Católica Ortodoxa Hispânica
257º - São Pio X +
(Giuseppe Melchiorre Sarto)
(1903 a 1914)
S.S. São Pio X (Giuseppe Melchiorre Sarto), nascido em Veneza em 1835.
Transcorridos os 11 dias de orações, prescritos para sufrágio da alma de S.S. Leão XIII, recém-falecido, os Cardeais da Santa Igreja (em número de 62, na época) iniciaram o Conclave. Os primeiros escrutínios indicavam a escolha de Sua Emª Rev.ma Mariano Rampolla, que fora colaborador directo de S.S. Leão XIII. Mas no dia 01 de Agosto foi comunicado aos Cardeais, no Conclave, o veto do Imperador da Áustria, Francisco José. Veto que, segundo uma tradição, poderia ser exercido pelo Imperador austríaco. Devido a isso, Sua Emª Rev.ma Giuseppe Sarto, Cardeal Patriarca de Veneza, passou a ser o preferido. Entretanto, num exercício de autêntica humildade, pedia aos Cardeais que nele não votassem. Mas ele era o escolhido também pela Divina Providência. No sétimo turno da votação, Sua Emª Rev.ma Mgr. Sarto, por insistência de vários de seus pares no Sacro Colégio, acabou aceitando (é bom recordar o papel fundamental representado por Sua Exª Rev.ma Mgr. Merry del Val (mais tarde cardeal) para convencer o Cardeal Sarto a aceitar o resultado da eleição), sendo eleito Bispo de Roma, por 50 votos a seu favor, no dia 04 de Agosto de 1903.
Sua Emª Rev.ma Mgr. Sarto, de cabeça baixa, ouviu o resultado do sufrágio. Segundo o costume, aproximou-se dele o Cardeal Decano e perguntou-lhe se aceitaria ou não a eleição à Sede Pontifícia. Com os olhos banhados em lágrimas, e a exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, respondeu: “Se não for possível afastar de mim esse cálice, que se faça a vontade de Deus. Aceito o Pontificado como uma cruz”. Após cinco dias, teve lugar a grandiosa cerimónia de coroação do Bispo de Roma.
O glorioso, árduo e fecundo pontificado
deste durou 11 anos. Nesse período, foram lançados
mais de 3000 documentos oficiais, com o objectivo de Instaurare omnia in Christo
- conforme seu lema. E tem estreita analogia com esta sua afirmação: “Se
alguém pedir uma palavra de ordem, sempre daremos esta e não
outra: Restaurar todas as coisas em Cristo”. Nesse sentido de restaurar
todas as coisas em Cristo, foram numerosas e admiráveis as obras empreendidas
pelo Santo Pontífice para defender a Civilização Cristã gravemente
ameaçada.
Em seu esplêndido livro de memórias, Sua Emª Rev.ma Mgr.
Merry del Val, Secretário de Estado de S.S. São Pio X, enumera de
passagem algumas dessas obras: “A reforma da Cúria Romana; a fundação
do Instituto Bíblico; a construção de seminários
centrais e a promulgação de leis para a melhor disciplina do
clero; a nova disciplina referente à primeira comunhão e à comunhão
frequente; o restabelecimento da música sacra; a vigorosa resistência
movida contra os fatais erros do chamado modernismo e a corajosa defesa da
liberdade da Igreja na França, Alemanha, Portugal, Rússia e outros
países, sem aludir a outros actos de governo, justificam certamente
que S.S. São Pio X tenha sido destacado como um grande pontífice e um director
humano excepcional. Posso testemunhar que todo esse enorme trabalho foi devido
principalmente e - muitas vezes - exclusivamente à sua própria
ideia e iniciativa. A História haverá de proclamá-lo como
algo mais que um Bispo de Roma cuja bondade ninguém seria capaz de discutir.
Os limites que me impus ao traçar estas breves Memórias impedem-me
de entrar a fundo no estudo das diversas e importantes questões a que
mais acima me referi; mas há uma delas cuja importância creio
merecer especial atenção neste curto relato, e esta é a
compilação do novo Código de Direito Canónico”.
O Cardeal, fidelíssimo Secretário de Estado de S.S. São Pio
X, passa a narrar o intenso trabalho do Bispo de Roma para reorganizar e aprimorar
o novo Código, uma vez que o anterior era um emaranhando confuso, uma
legislação que se prestava a diversas interpretações.
Foram 11 anos de trabalho quase ininterrupto, mas ao cabo dos quais a admirável
codificação ficou praticamente pronta nos últimos dias
de S.S. São Pio X, em 1914.
Seu sucessor, S.S. Bento XV, rendeu-lhe uma
merecida homenagem, promulgando o novo Código elaborado por seu augusto
predecessor. Uma palavra a respeito de uma característica em que se
destacou no mais alto grau S.S. São Pio X: sua extrema bondade, ao lado de
uma indomável energia. Sobre isso, nada melhor que darmos a palavra
a quem o conheceu mais de perto, e devotadamente o serviu por 11 anos - seu
próprio Secretário de Estado, o Cardeal Merry del Val: “Seria
um grande erro crer que esta característica (a bondade) tão atraente
de S.S. São Pio X o retratasse plenamente ou resumisse seus dotes e qualidades; nada
mais longe da verdade. Ao lado dessa bondade, e de modo feliz combinada com
a ternura de seu coração paternal, possuía uma indomável
energia de carácter e uma força de vontade que podiam testemunhar,
sem vacilação, os que realmente o conheceram, embora em mais
de uma ocasião surpreendesse, e até causasse estranheza àqueles
que somente haviam tido ocasião de experimentar sua delicadeza e reserva
habituais. Mantinha um absoluto senhorio de si e dominava os impulsos de seu
ardente temperamento. Não vacilava em ceder em assuntos que não
considerava essenciais, e até estava disposto a considerar e aceitar
a opinião de outros se isso não implicasse em risco para algum
princípio; mas não havia nele nenhuma debilidade. Quando surgia
alguma questão na qual se fazia necessário definir e manter os
direitos e liberdade da Igreja, quando a pureza e integridade da verdade católica
requeriam afirmação e defesa, ou era preciso sustentar a disciplina
eclesiástica contra o relaxamento ou influência mundanas, S.S. São Pio
X revelava então toda a força e energia de seu carácter
e o intrépido valor de um grande Pontífice consciente da responsabilidade
de seu sagrado ministério e dos deveres que julgava ter que cumprir
a todo custo. Era inútil, em tais ocasiões, que alguém
tratasse de dobrar sua constância; toda tentativa de intimidá-lo
com ameaças, ou de afagá-lo com sedutores pretextos ou recursos
meramente sentimentais, estava condenada ao fracasso”. Este santo varão,
que derramava copiosas lágrimas considerando a paixão da Santa
Igreja, era entretanto de uma severidade ímpar contra o mal. Depois
de esgotar todos os recursos ao seu alcance para levar alguém à conversão,
severamente condenava. Estava sempre disposto a perdoar, por assim dizer, maternalmente.
Mas se a pessoa persistisse no erro e, pior, procurasse contaminar outros com
seus desvios, o Bispo de Roma a reprovava energicamente. Foi o que ocorreu quando
condenou o movimento modernista - “síntese de todas as heresias”,
conforme o definiu -, que se infiltrara sub-repticiamente nas próprias
fileiras católicas, com a finalidade de modernizar, adaptar e deturpar
inteiramente o ensinamento tradicional da Igreja.
Assim, Sua Santidade lançou
várias advertências aos mentores desse movimento, os quais não
as levaram em consideração, pois se obstinavam no mal e procuravam
corromper outros membros da Igreja e até mesmo da alta Hierarquia Eclesiástica.
Publicou então a sua estupenda Encíclica «Pascendi Dominici
Gregis», de 08 de Setembro de 1907, fulminando o modernismo. Tal documento
completava a condenação já expressa no Decreto «Lamentabili
Sane Exitu», de 03 de Julho do mesmo ano. Como se pôde observar,
vem de há muito a tentativa de infiltração no interior
da Santa Igreja, por parte de inimigos velados ou declarados, a fim de “modernizar”,
adaptar aos novos tempos e adulterar o Magistério tradicional e infalível
da Igreja Católica Apostólica Romana.
A sua canonização
foi feita pois atribui-se a S.S. São Pio X, ainda em vida, vários milagres.
Relatam que pessoas doentes que tinham contacto com ele curavam-se, e sobre
este facto ele mesmo explicava como sendo "o poder das chaves de São
Pedro". Um dos casos mais formidáveis ocorreu durante uma Missa,
quando ordenou a um Padre que apagasse uma determinada vela do Altar. Ao final,
S.S. São Pio X pegou essa vela e retirou de dentro uma bomba que fora ali colocada para
estourar durante a Missa. Fala-se também que após sua morte que
ocorreu em 20 de Agosto de 1914, ainda era visto, frequentemente, dentro do
Vaticano. Em Maio de 1954 foi canonizado.
Túmulo
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