Igreja Católica Ortodoxa Hispânica

Sua Exª Rev.ma D. António Ferreira Gomes
(1906 - 1989)

Sua Exª Rev.ma D. António Ferreira Gomes nasceu na freguesia de São Martinho de Milhundos, Penafiel, em 10 de Maio de 1906 e entrou para o Seminário a 16 de Outubro de 1916. Acabaria os estudos Filosóficos - Teológicos em Roma. Aos 22 anos é Presbítero (22 de Setembro de 1928), sendo Ordenado na Torre da Marca. É logo depois nomeado Prefeito e director de disciplina do Seminário de Vilar, do qual iria ser Vice-Reitor em Junho de 1936, com funções de Reitor. É nessa data feito Cónego da Sé do Porto. Foi, então, o exigente professor de Filosofia, firmado no seu imperturbável pensamento, seguido com temor e espanto pelos alunos. Em 15 de Janeiro de 1948, Ano da Proclamação dos Direitos do Homem, dos quais foi insistente defensor, o Bispo de Roma nomeia-o Bispo Coadjutor de Portalegre, com direito de sucessão. Recebe a Sagrada Ordenação Episcopal como Bispo da Igreja Católica Apostólica Romana na Sé do Porto a 02 de Maio de 1948, dia de Santo Atanásio de Alexandria.

Coincidência imprevisível de exilados! Tomou posse a 25 de Maio. Pela morte de Sua Exª Rev.ma D. Frei Domingos Frutuoso, OP, a 06 de Junho de 1949, é nomeado Bispo Diocesano de Portalegre e aí prossegue o contacto com a realidade do Alentejo que estuda. De facto a experiência alentejana iria durar pouco. A 13 de Julho de 1952 é nomeado Bispo do Porto. Toma posse por procuração a 14 de Setembro e entra solenemente no dia 12 de Outubro, uma vez que continuou como Administrador Apostólico de Portalegre até à tomada de posse do sucessor, Sua Exª Rev.ma D. Agostinho Lopes de Moura, a 02 de Maio de 1953. De 1952 a 1958, o Bispo do Porto notabilizou-se pela atenção à miséria social do povo português, pela crítica do corporativismo do Estado Novo e pela exigência de livre expressão do pensamento e da acção política (célebres discursos aos jornalistas no dia de S. Francisco de Sales). Surgem depois as eleições para a Presidência da República, em 1958 e depois da campanha eleitoral agitada pelo General Humberto Delgado, D. António vê-se impedido de ir votar por ter assumido o compromisso de proferir uma conferência em Barcelona. Salazar ficou perturbado por temer uma exploração oposicionista do caso. Depois de regressar desta viagem, D. António escreve o Pró-Memória, tópicos para preparar uma conversa a sós com o Drº António de Oliveira Salazar. É esta a célebre carta a Salazar (embora erradamente conhecida como tal) tomada pública não se sabe por quem, a 13 de Junho de 1958. Segue-se uma 2ª carta pedida pelo Cardeal Costa Nunes, Patriarca das Índias. O imbróglio de cartas e contra cartas criou uma situação política muito confusa, que levou o Patriarca das índias a aconselhar D. António a retirar-se uns tempos para férias, e depois é proibido de entrar no país. A partir de 1978 notam-se algumas reacções do clero com posições mais irrequietas e radicais. Nos anos oitenta diminuem os momentos de intervenção. Em princípios de 1981, antes de completar 75 anos apresentou e insistiu no pedido de resignação. Foi atendido a 18 de Fevereiro de 1982. Começa o reconhecimento público e oficial: está entre os primeiros galardoados com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a 07 de Agosto de 1980; em 30 de Abril de 1982 a Câmara Municipal do Porto, em homenagem pública, proclamou-o Cidadão do Porto com imposição da Medalha de Honra da Cidade. Escolhe, mais uma vez, o dia 02 de Maio, agora de 1982 - passados 34 anos da sua Ordenação Sacerdotal - para se despedir do seu rebanho do Porto e ir viver para a Quinta de Mão Poderosa, casa da diocese em Ermesinde. Aí viveu discretamente e morreu serena e santamente, aos 82 anos de idade, em 13 de Abril de 1989, aceitando livremente a morte com plena lucidez a 13 de Abril de 1989. Foi aí que escreveu as célebres cartas ao Bispo de Roma. Deixou um testamento, redigido em 21 de Agosto de 1977. Testemunha o desprendimento nobre e a pobreza essencial que nortearam a sua vida e revela a criação da Fundação Spes, com fins benéficos, educativos e culturais. Foi canonizado e elevado ás honras dos Altares, pelo Decreto Primacial A033/GP, de 15 de Junho de 2005.

Sua Exª Rev.ma D. António com o Rev.do Pe. Américo

Sua Exª Rev.ma D. António na companhia de Sua Emª Rev.ma D. Manuel Gonçalves, Card. Cerejeira

O túmulo de Sua Exª Rev.ma D. António Ferreira Gomes


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