A dignidade régia do homem
São Gregório de Nissa
"Da mesma maneira como, nas coisas humanas, os artífices
dão aos instrumentos que fabricam aquela forma que parece ser a mais
idónea ao uso a que se destinam, assim o Sumo Artífice fabricou
nossa natureza como uma espécie de instrumento, apto para o exercício
da realeza; e para que o homem fosse completamente idóneo para isso,
dotou-lhe não só de excelências enquanto a alma, senão,
na mesma figura do corpo. E é assim que a alma põe de manifesto
sua excelsa dignidade régia, muito estranha a baixeza privada, pelo
facto de não reconhecer a ninguém por senhor e fazer tudo por
seu próprio arbítrio. Ela, por seu próprio querer, como
dom de si, se governa a si mesma. E, de quem mais, que não seja um rei, é próprio
semelhante atributo?
Segundo o costume humano, os que fazem as imagens dos imperadores, tratam primeiramente
de reproduzir sua figura e, revestindo-a de púrpura, expressam justamente
a dignidade imperial. É já uso e costume que a estátua
do imperador se lhe chame imperador; assim, a natureza humana, criada para
ser senhora de todas as outras criaturas, pela semelhança que em si
leva do Rei do Universo, foi elevada como uma estátua vivente e participa
da dignidade e do nome do original primeiro. Não se veste de púrpura,
nem ostenta sua dignidade pelo ceptro e o diadema pois, tão pouco, o
original ostenta estes sinais. Em vez de púrpura, reveste-se de virtude,
que é a mais régia das vestes; em lugar de ceptro se apoia e
se radica na bem-aventurança da imortalidade; e, no lugar do diadema,
cinge-se com a coroa da justiça; de sorte que, reproduzindo pontualmente
a beleza do original, a alma ostenta em tudo a dignidade régia".
Arcebispo Primaz Katholikos
S.B. Dom ++ Paulo Jorge de Laureano – Vieira y Saragoça
(Mar Alexander I da Hispânea)
Última actualização deste
Link em 01 de Outubro de 2011